logo

CÂNCER DO COLO DO ÚTERO: Mulheres de baixa renda e com baixa escolaridade são maioria entre brasileiras que nunca fizeram o papanicolau


Por G1

CÂNCER DO COLO DO ÚTERO: Mulheres de baixa renda e com baixa escolaridade são maioria entre brasileiras que nunca fizeram o papanicolau

Exame é usado para detectar câncer do colo do útero, a terceira causa de morte entre as mulheres brasileiras. Dados da Pesquisa Nacional de Saúde apontam que 6,1% das mulheres entre 25 e 64 anos nunca fizeram o procedimento.

Um exame fundamental na detecção de câncer do colo de útero se tornou símbolo da desigualdade social no Brasil.

É uma palavra que deveria fazer parte do vocabulário de todas as mulheres, mas a realidade brasileira não é essa. O papanicolau é um exame preventivo ginecológico indicado para o rastreio do câncer do colo do útero. Mas um levantamento da Fundação do Câncer, baseado na Pesquisa Nacional de Saúde, mostra que 6,1% das mulheres entre 25 e 64 anos nunca fizeram esse exame; 12,6% das brasileiras nessa faixa etária estão há mais de três anos sem realizar o teste.

A recomendação médica é que os dois primeiros preventivos sejam feitos em dois anos consecutivos. Em caso de resultado normal, o teste pode ser feito a cada três anos.

Segundo a pesquisa, a situação social afeta diretamente o acesso ao exame. Entre as mulheres que nunca fizeram o papanicolau, a maior parte tem renda de até um salário mínimo e baixa escolaridade. São, na maioria, mulheres jovens, entre 25 e 34 anos e negras.

Aos 52 anos, a dona de casa Luciana Gonçalves nunca fez o exame papanicolau.

"Eu nunca procurei saber o que é isso porque está ruim para ir ao posto fazer exame. Enfrenta fila, não tem mais número ou falta o ginecologista", diz.

De todos os tipos de câncer, o do colo do útero é a terceira causa de morte entre as mulheres brasileiras. Essa é uma doença que pode ser curada se detectada precocemente.

 

"É aquela questão da cadeia de vários elos. O primeiro elo é colher o exame; o segundo elo é pegar o resultado; o terceiro, se o exame for positivo, fazer o diagnóstico; e se o diagnóstico for positivo, fazer o tratamento. Se um desses elos parte a corrente, a gente não vai conseguir a prevenção, que é nosso objetivo", diz Flávia Miranda Corrêa, consultora médica da Fundação do Câncer.

 

A psicóloga Sandra Viana descobriu um câncer em 2020, aos 32 anos, depois de fazer um preventivo. Hoje, livre da doença e podendo acompanhar o crescimento da filha, ela sabe muito bem o valor de poder ter acesso ao cuidado com a saúde.

 

"Através desse primeiro exame, eu tive tempo de me cuidar. Eu queria participar do aniversário de 5 anos dela. Foi isto que eu pedi: que eu estivesse bem, viva, com saúde no aniversário de 5 anos dela. Júlia está com 6 anos. Consegui", conta.