Por Nathalia Passarinho, Laís Alegretti e Fi
A convenção nacional do PMDB teve início neste sábado (12) com discursos em defesa do impeachment da presidente Dilma Rousseff e de maior protagonismo do partido na política nacional. Os primeiros a se pronunciar foram de representantes do PMDB sindical e presidentes de diretórios estaduais. Durante os discursos, a plateia gritou “Fora, Dilma” em vários momentos.
A convenção deve reconduzir para um novo mandato na presidência do partido o vice-presidente da República, Michel Temer, candidato único. Além disso, deverá ser o primeiro passo para a saída do PMDB do governo. Os convencionais devem aprovar um "aviso prévio” de 30 dias do partido no governo Dilma Rousseff. Nesse prazo, o diretório nacional a ser eleito neste sábado se reunirá e tomará a decisão final.
O 1º secretário do PMDB, Geddel Vieira Lima, que foi ministro do goveno Lula, defendeu o rompimento "imediato" do PMDB do governo e disse que a presidente Dilma não tem mais condições de governar. "Se a primeira mulher presidente da República perde as condições de ir à televisão no dia internacional da Mulher com medo que as panelas pipoquem, que autoridade de governança tem mais? Nenhuma. Esse é o símbolo de que basta", afirmou.
Geddel leu uma moção que pede o rompimento do PMDB do governo Dilma Rousseff e a saída dos peemedebistas que ocupam ministérios. Ficou definido que o diretório nacional, que será eleito neste sábado, ficará responsável por se posicionar, em 30 dias, sobre as moções apresentadas durante o evento.
Contrário à posição de decidir só em 30 dias sobre a saída ou não do governo, o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) também apresentou uma moção pelo rompimento com o PT e defendeu que a convenção nacional já tome uma decisão sobre o caso neste sábado.
“Há uma tentativa de jogar barriga para frente e não decidir. Estamos decidindo que daqui a 30 dias o diretório vai decidir. Essa é a tática da não decisão. O povo está olhando para nós. Vamos sair de cabeça baixa, envergonhados porque o PMDB não tomou atitude nenhuma? Hoje é o dia em que ou temos momento histórico ou talvez um dos mais pífios de toda a trajetória do PMDB”, defendeu.
Independência em relação a governo
Neste sábado, devem ser votadas diversas moções (propostas) de diferentes setores da legenda, que vão desde a saída imediata até a independência do partido para liberar os votos dos seus integrantes em votações no Congresso, por exemplo. No entanto, o mais provável é que não seja produzido um documento final, conclusivo.
“Nós vamos propor o desembarque total, com a entrega de todos os cargos. O PMDB não pode se omitir nesse momento gravíssimo da política brasileira”, defende o deputado federal Darcísio Perondi (PMDB-RS), um dos críticos mais ferrenhos ao PT.
Indicados pelos diretórios estaduais, 454 delegados vão eleger os 119 integrantes do diretório nacional, que, por sua vez, escolherão os 17 membros da Executiva Nacional, responsável pelas decisões da legenda. Temer deverá ser reeleito por aclamação.
Embora seja o principal partido aliado do governo Dilma Rousseff, ocupando seis ministérios e a Vice-presidência, a sigla tem alas bastante críticas ao governo. Sondagens internas do partido apontam que em torno de 60% dos dirigentes do partido são favoráveis ao fim da aliança – em alguns levantamentos, esse percentual beira os 80%.