Fechamento de frigoríficos gera preocupação em MT

Na manhã desta segunda-feira, 6 de julho, a Minerva Foods anunciou o fechamento da planta de Mirassol D'Oeste, MT, e o desligamento dos 701 funcionários da unidade. Foi o 15º frigorífico fechado no Estado desde o início do ano, reduzindo a capacidade de abate em mais de 17%, de acordo com o Sindicato das Indústrias de Frigoríficos do Estado de Mato Grosso (Sindifrigo).

Mirassol D'Oeste está localizada na região Sudeste de MT, tendo como vizinhos os municípios de São José de Quatro Marcos e Araputanga. No início do ano, cada município tinha um frigorífico em funcionamento. Atualmente, a única planta em operação é a do JBS em Araputanga, que, segundo estimativas dos produtores, teve uma queda de 20% nos abates diários. “Estamos acompanhando de perto a situação e, sem dúvida, estamos apreensivos. É uma região muito importante para pecuária do Estado”, revela Neto Gouveia, presidente da Comissão de Pecuária da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato).

Vale lembrar que, em maio, o juiz André Molina, titular da Vara do Trabalho de Mirassol D’Oeste, decidiu que o JBS estava impedido de encerrar as atividades ou fazer nova dispensa em massa sem prévia negociação com o sindicato da categoria na unidade de Araputanga. A multa em caso de descumprimento da decisão foi fixada em R$ 10 milhões.

Os frigoríficos eram as principais indústrias das cidades e empregavam boa parte da população economicamente ativa da região. O fechamento das duas plantas pode ter deixado quase 1.400 trabalhadores desempregados, desencadeando uma crise social nos municípios.

O Ministério Público do Trabalho (MPT) de Quatro Marcos estima que cerca de 15% da população economicamente ativa da cidade ficou desempregada com a fechamento da unidade do JBS, no início de maio. “O comércio foi muito prejudicado e os lojistas estão no vermelho. Ouvimos dizer que muitos trabalhadores foram transferidos para a unidade do JBS de Cuiabá, mas, infelizmente, ela também fechou”, destaca Jéssica Souza, colaboradora da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Quatro Marcos.

Em Mirassol D'Oeste, o sinal vermelho também está aceso. “A população está muito preocupada. A outra grande empresa da cidade era a Granja Marques, que fechou seu abatedouro de aves na semana passada, demitindo mais de 160 pessoas. Com isso muitas pessoas estão indo procurar emprego em outra cidade”, afirma a gerente sindical do Sindicato Rural do município, Franciele Karen.

Para Neto Gouveia, o fechamento dos frigoríficos em Mato Grosso leva ao questionamento do real número do rebanho do Estado. “Estima-se que Mato Grosso tenha cerca de 28,4 milhões de cabeças bovinas e essas empresas estão fechando pela falta de animais. Será que esses números são verdadeiros ou estão apenas no papel?”, conclui.

Levantamento realizado por Lygia Pimentel, da Agrifatto, aponta que nos primeiros seis meses do ano mais de 40 unidades de abate encerraram atividades ou tiveram abates suspensos no Brasil. Em entrevista concedida ao Portal DBO em meados de junho, a analista destacou que o “setor frigorífico está preso entre duas baixas, a da oferta e a do consumo. Hoje os frigoríficos estão numa situação muito desconfortável e a solução é transformar um prejuízo maior em um prejuízo menor”.

A edição de julho da revista DBO detalha em reportagem o impacto do encerramento das atividades para o setor.