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José Maria Machado é julgado mais uma vez


Por Diário de Cuiabá

José Maria Machado é julgado mais uma vez

Foto: Reprodução

O fazendeiro José Maria Machado, acusado em quatro processos e um inquérito relativo a sua atividade de tráfico de drogas, roubo de carros e mesmo em vida pessoal, foi levado a júri popular ontem como o homem que mandou assassinar o pai e a madrasta de uma de suas ex-mulheres. 

Até o fechamento desta edição, a sentença não havia sido proferida e a tendência era de absolvição. O promotor José Augusto Veras Gadelha admitiu no começo do julgamento que as provas contidas no processo eram frágeis. As científicas não existiam, e as testemunhais mais contundentes eram provenientes de pessoas que tinham interesses no caso. Elas foram colhidas pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e juntadas aos quatro volumes do processo. 

Filogônio Pires dos Santos e sua mulher Inês Zogal de Oliveira foram mortos com quatro tiros cada um, em janeiro de 1995, na fazenda onde viviam no município de São José do Quatro Marcos. O duplo homicídio duplamente qualificado - motivo torpe e uso de recurso que dificultou a defesa das vítimas - teria sido motivado por interesses financeiros e revolta. 

Nas declarações de Márcia Mônica Pires de Almeida, mulher de Machado à época, ficou registrado que ele teria convencido dois dos irmãos dela a matar o pai e a madrasta para que parte da família e Machado dividissem as terras, gado e o dinheiro de Filogônio. Porém, a versão não indicaria qualquer vantagem relevante para Machado, que no período seria dono de uma fábrica de doces, de um jornal e de um negócio em sociedade no valor de R$ 2 milhões. 

Mas segundo Márcia Mônica, ele teria sido ameaçado de morte por seu pai em função do casamento dos dois e isso teria influenciado na decisão de mandar matar. Além de Machado, os irmãos de Márcia Mônica - Rosa Maria, Auduar e Felisberto Pires dos Santos - também foram acusados de tramar a morte do pai e da madrasta. 

Auduar responde o processo em liberdade, Rosa atualmente está foragida e Felisberto foi condenado a 38 anos pelo crime. Ele foi ouvido por 19 minutos ontem no júri como a única testemunha de defesa de Machado. Felisberto, que cumpre a pena no Carumbé - onde Machado também está detido por força de um pedido de prisão preventiva -, negou em depoimento como informante, que tivesse participação no crime; que conhecesse os motivos da morte do pai e que tivesse sido apresentado algum dia a José Maria Machado. 

Durante o depoimento, Felisberto declarou que participou de uma reunião de família, convocada por sua mãe, na qual ela comunicou a separação do marido. Filogônio tinha decidido ficar com Inês e toda a família se revoltou. 

Uma das teses da defesa de Machado seria considerar o duplo homicídio como resultado de uma briga de família. A decisão de eliminar Filogônio e a nova mulher teria sido definida na reunião onde os filhos ficaram sabendo da separação dos pais. E os filhos teriam envolvido Machado para poupar a mãe.